Sufocado pelo próprio sentimento

Sou apaixonado por uma amiga há sete anos e nunca tive coragem de falar. Sei que não seria correspondido. Venho guardando isso todos esses anos porque achei que fosse passar, mas não passa. Fazemos parte de um pequeno grupo de amigos. Sei que eu deveria ter me afastado dela, mas nunca consegui, muito pelo grupo. Agora não aguento mais, me sinto sufocado. Tenho raiva de mim por ter alimentado esse sentimento durante tanto tempo de forma até ingênua. Me apegava a qualquer fio de esperança. Que vergonha! Agora o grupo conversa sobre alguém que ela está saindo e sou obrigado a me calar. O meu silêncio diz muito, pois acho que os demais, inclusive ela, desconfiam de algo. Isso é a gota d’água, chega a ser torturante. Fingir indiferença com a situação, o meu silêncio grita desespero. Sei que, ao me afastar, logo agora, ficará subentendido o motivo. Se me perguntarem, vou ser sincero. É dolorido demais, pois não queria me afastar, porém me parece necessário. Não tenho raiva nenhuma dela, nenhuma mágoa. Canalizo tudo para mim, sinto uma culpa típica do Raskolnikov, como se eu tivesse feito algo muito grave e escondesse um grande crime. Quando estou com eles, às vezes, eu simplesmente desligo da conversa, pois sei que o meu sentimento reprimido em algum momento cobrará seu preço. Tenho esse melindre. Uma culpa terrível, um aperto no peito, sinto um ferver por dentro. Agora finalmente vou me afastar, um vazio será criado, vazio esse que eu temo muito.