Completamente perdido

Tenho 18 anos, estudo filosofia na UFPR, faço terapia por mais de três anos e me odeio profundamente, pois não gosto muito do que estudo e não sei pra onde ir ou o que fazer. Como se não fosse bastante, minha família é meio insensível e incapaz de me entender. Já pensei em maneiras de me matar, momentos para isso e pessoas que o fizeram. O que eu quero é paz, perdi o interesse em viver e não sei quem eu sou ou que tipo de pessoa devo ser. Também me comparo bastante e nunca gosto de mim de verdade. Sempre me sinto ansioso e aflito, na espera de reprovar na faculdade e, assim, de concretizar minha perdição. Muitos falam: “trabalhe, estude, não pare”. Mas, e se eu parar? Muitas pessoas se exaurem e são deixadas para trás no esquecimento, pois não há tempo para pensarmos em desgraças alheias. A vida é dicotômica: ou temos sucesso ou não; ou estamos certos ou errados. Há muito tempo que penso sobre esse esvaziamento da vida contemporânea: vive-se anestesiado com coisas e ideias (simplistas, pequenas perto da vastidão do intelecto) que se almejam ou devem ser almejadas e, quando um obstáculo é encontrado, não há remédio que não seja se agarrar em mais coisas e ideias que se esgotam rapidamente.

Não sei o que faço. Tudo é confusão e caos. Não consigo entender como pessoas que enfatizam o sucesso são realmente medíocres em pensar profundamente. Viver se tornou um fardo por isso. Só queria parar de me sentir vulnerável, sozinho e confuso, pois não sei se sou eu que estou errado por pensar demais e, sendo assim, devo morrer, ou se são as outras pessoas que não levam ao limite os problemas que enfrentam e, mesmo assim, seguem mais ou menos tranquilamente. O sofrimento tem lugar na sociedade e pode ser explicado a partir dela, penso eu. E, exatamente aí, não teríamos bases sociais que nos segurassem, e seríamos livres para compreender e viver a indeterminação do humano. Claramente, é apenas hipótese, mas já senti muita dor para não reagir.