Não conseguirei escrever tudo hoje. Estou ainda de camisola, sem escovar dentes e tomar banho, mal alimentada, ansiosa, desanimada totalmente. Minha mãe de 88 anos dorme, hoje ficou mais tranquila, não sei qual milagre a Cuidadora arranjou com ela a tarde, teve a visita do fisioterapeuta também, ela se sente só, agora somos nós duas somente, não fui ao trabalho e resolvi algumas coisas por computador, envelheci bem nestes seis difíceis anos quando o alzheimer dela ficou bem claro, não aguento mais, preciso decidir algo – de início seria colocar outra pessoa aqui nos finais de semana para eu respirar … A história é muito longa, a doença venho de forma sutil numa pessoa agressiva e explosiva, fanática, não tivemos bom relacionamento, não fui amada e sim, cobrada, estudar e trabalhar para ajudá-la, não pensei em mim, minha vida foi para o lixo. Preciso tentar tomar um banho, eu nunca vivi, tentei, sempre vegetei, queria ter paz, penso que se ela piorar não terei outra alternativa a não ser casa de repouso que andam caríssimas, não sei como será … Ela não foi boa mãe, não fui boa filha.
Um servidor de apoio emocional e saúde mental. Desabafos anônimos, troca de experiências e apoio psicológico.
Pessoas depressivas, ansiosas, tdah, bipolares, borderline, autistas, dependentes químicas, anoréxicas, bulemicas, esquizofrênicas e afins.
Olá Marian, sinto por tudo isso que passou e ainda vem passando! Quando os nossos adoecem independentemente de como são as relações, nós procuramos cuidar, ajudar e esquecemos da gente. Então Marian, se for possível peça ajudar a alguém que você confiar e coloque um cuidador se há possiblidade, porque você tem todo o direito do descanso, relaxar, distrair e viver sua vida... tente focar nisso, em ajudá-la na maneira que for possível e viver também, deixando um pouco de lado quem não foi boa mãe ou filha... Espero ter ajudado! Fique bem!
Marian, nós estamos nesse mundo para viver – eu considero viver sinônimo de amar – nem sempre conseguimos fazer isso de forma exemplar, acredito que na grande maioria das vezes nos perdemos muito deste objetivo. Li em um livro que “TUDO É AMOR, e o que não é amor, é um pedido de amor”. O amor é tudo que existe, não enxergamos porque acreditamos em polaridades. Em um primeiro momento, pode não fazer sentido isso que eu escrevi, eu demorei de entender isso porque eu queria racionalizar esta afirmação e o amor não é racional. Mas, deixe-me tentar explicar aonde quero chegar... Confundimos amor com apego, acreditamos que o amor começa fora de nós, está no outro, daí fazemos uma confusão, esperamos que o outro faça algo por nós, cumprimos como mártires nossas obrigações externas e nos esquecemos de nós mesmos. Parece que você está precisando se reencontrar, se amar, somente depois disso que tudo se tornará mais leve. Gostaria que você buscasse dentro de si o que pode te fazer bem, para isso pode ser que você realmente tenha que contratar mais uma cuidadora ou achar uma clínica para sua mãe, isso não significa que você deixará de cumprir com suas “obrigações” de filha, significa que você só está tentando encontrar outra forma de seguir sua vida, outra forma de amar que possa ser mais verdadeira. Tenha carinho e seja amável consigo mesma, pense que independente de você precisar de ajuda para cuidar de sua mãe, você ainda poderá estar por perto, de uma forma mais saudável para você. Você disse que sua mãe se sente só, o vazio dela você não conseguirá preencher, mas o seu, você pode e deve começar preencher. Cuide-se, ame-se, todo o restante se rearranjará.
Marian, deve ser um misto de sentimentos e cobranças nessa hora. Mas acho que vc deve cuidar e buscar ajuda pra alguém cuidar tbm e vc poder respirar. Mesmo ela nao ter sido boa mãe ainda esta em tempo de você ser uma filha digna. Ela precisa de você. As outras coisas você vai ajeitando. Resignificar as coisas sabe!