O tempo pode ser uma bênção.
Sou bem menos neurótica do meu eu de de 15 anos de idade.
Eu não vejo a hora de chegar o dia em que eu pare de me importar se as pessoas gostam ou não de mim.
Esse vai ser o verdadeiro caminho para a felicidade e a liberdade.
Às vezes eu canso dos meus semelhantes.
É engraçado que quando eu era criança eu era bastante solitária e introvertida. Eu até brincava com algumas crianças vizinhas e alguns primos, mas nada nesse mundo se comparava com o que eu sentia quando eu estava sozinha no quarto e explorava a minha imaginação do jeito que eu quisesse e a partir dali nada importava. Era um mundo só meu, ninguém me assistia, ninguém sabia nada sobre mim, ninguém estava julgando, eu me sentia protegida e em paz, era um lugar secreto apenas para mim mesma e eu ia lá visitar de vez em quando.
Eu desenvolvi ansiedade social com agorafobia com 10 anos.
Na verdade eu já tinha algumas crises de ansiedade desde bem cedo, tipo uns 7 anos, embora seja uma memória meio vaga na minha mente. Eu lembro de ficar tonta e ter desrealizaçoes e vertigens ao estar em locais muito cheios ou com muito barulho ou muitos estímulos sensoriais.
Eu desenvolvi muitos problemas psicológicos quando eu tinha 10 anos porque eu sofria muito bullying na escola, na verdade eu sofri bullying da escola inteira porque isso foi se espalhando por todo o colégio, aquilo foi tão traumático.
Eu demorei muito para começar a fazer terapia. Quando eu comecei a fazer terapia já era um pouco grave, meu quadro tinha evoluído para uma depressão super severa e fui encaminhada para um psiquiatra e fiquei internada alguns mêses. Naquela época eu me automutilava e tinha tentado suic... pela primeira vez. Então a escola e os meus pais não tiveram outra opção a não ser me encaminhar para um tratamento contra a minha vontade. Eu fiz terapia por 5 anos e recebi alta com 18. Quando eu tinha 17 anos, eu simplesmente tive um insight. Eu queria melhorar e tentar fazer tudo diferente. Para variar eu falhei, as coisas não são tão simples quanto na nossa mente. Mas foi nessa época que eu decidi que abandonaria a solitude para se relacionar melhor com as pessoas. Mas nisso, eu acabei me machucando muito. Relacionamentos muito abusivos. Foi escolha minha de certa forma, claro. Eu escolhi querer amar e se aproximar das pessoas. Eu me arrependo um pouco sim, mas de alguma forma, isso me ajudou a crescer e ser uma pessoa melhor que eu poderia ter sido sem essas pessoas. Quer dizer, eu tive muitas lições na vida para desenvolver amor próprio e auto valor e embora minha autoestima seja baixa, acho que algum dia eu chegaria lá, quem sabe.
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