A cada dia que passa vejo mais gente morando na rua, na rua e pedindo dinheiro na rua. É assustador como isso tem se multiplicado em São Paulo. Já fazem alguns dias que tenho reparado num menino de mais ou menos uns 8 anos, que chupa o dedo polegar e que sempre que me vê pede: “tia compra um paninho?”. Essas coisas me cortam o coração e prefiro não responder ou simplesmente virar a cara. Ontem saí pra andar, caminhei bastante por conta da gordura. Chegando em casa, já quase anoitecendo, vejo o menino do paninho sozinho em frente ao supermercado e uma moça comprando o tal paninho. A moça foi tão gentil com o menino, que fez com que eu me sentisse mal por sempre ter olhado com indiferença para o garotinho e seus paninhos, que aliás são bem bonitinhos e coloridos. Fui dormir com o menino na cabeça, pensei nele enquanto o sono não vinha e jurei para mim mesma comprar o tal paninho. Hoje à tardinha quando fui passear com o cachorro logo o vi e atravessei a rua. Ele olhou pra mim e perguntou: “tia hoje vai comprar um paninho?”. Eu mais do que depressa perguntei o preço e já fui pegando o dinheiro. Deixei ele escolher um paninho pra mim e ele escolheu um gatinho marrom muito bonitinho. Eu fui embora e deixei o garotinho chupando o dedo polegar. Ah, perguntei sobre a mãe dele e ele disfarçou falou que ela estava no supermercado de cima, mas não estava. Ela deixa ele sozinho vendendo os paninhos até de noite. Que judiação, como esse mundo é injusto! Por isso me blindo, não quero ver, ignoro, tenho raiva, o garotinho ainda chupa o dedo! É maldade demais ele levar uma vida assim!
Um servidor de apoio emocional e saúde mental. Desabafos anônimos, troca de experiências e apoio psicológico.
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Kira, de alguma forma esse menino te tocou muito e isso já é algo muito importante, em geral, essas crianças costumam passar desapercebidas na correria do cotidiano. E, consequentemente, com o seu relato também nos tocou.
Nossa, Kira, que experiência! Vivenciar esses contextos em que pessoas e, especialmente, crianças estão em situação de rua e extrema vulnerabilidade social é muito chocante. Acho que é bem importante fazermos o que está ao nosso alcance para ajudar essas pessoas, e você claramente fez ao comprar os paninhos e ser tão tocada por esse menino.
Nossa.. Me emocionei com essa história, Kira.. É muito triste que pessoas estejam vivendo na rua, sem ao menos ter uma roupa quentinha ou muitas vezes sem ter o que comer. Eu tento sempre ajudar como posso, seja com algo material ou mesmo com um sorriso, um simples olhar de alegria ou trocar algumas palavras.. Acredito que muitas vezes tentamos ignorar e blindar nosso coração para não ter que enxergar de frente a tristeza dessa realidade. Mas eu sinto também que meu coração se preenche quando vejo que de alguma forma colaborei para tornar a vida de quem está sofrendo melhor... Façamos sempre a nossa parte, por menor que pareça a colaboração.. O importante é o tamanho da nossa intenção, não a grandeza material do que fazemos...