A cada dia que passa vejo mais gente morando na rua, na rua e pedindo dinheiro na rua. É assustador como isso tem se multiplicado em São Paulo. Já fazem alguns dias que tenho reparado num menino de mais ou menos uns 8 anos, que chupa o dedo polegar e que sempre que me vê pede: “tia compra um paninho?”. Essas coisas me cortam o coração e prefiro não responder ou simplesmente virar a cara. Ontem saí pra andar, caminhei bastante por conta da gordura. Chegando em casa, já quase anoitecendo, vejo o menino do paninho sozinho em frente ao supermercado e uma moça comprando o tal paninho. A moça foi tão gentil com o menino, que fez com que eu me sentisse mal por sempre ter olhado com indiferença para o garotinho e seus paninhos, que aliás são bem bonitinhos e coloridos. Fui dormir com o menino na cabeça, pensei nele enquanto o sono não vinha e jurei para mim mesma comprar o tal paninho. Hoje à tardinha quando fui passear com o cachorro logo o vi e atravessei a rua. Ele olhou pra mim e perguntou: “tia hoje vai comprar um paninho?”. Eu mais do que depressa perguntei o preço e já fui pegando o dinheiro. Deixei ele escolher um paninho pra mim e ele escolheu um gatinho marrom muito bonitinho. Eu fui embora e deixei o garotinho chupando o dedo polegar. Ah, perguntei sobre a mãe dele e ele disfarçou falou que ela estava no supermercado de cima, mas não estava. Ela deixa ele sozinho vendendo os paninhos até de noite. Que judiação, como esse mundo é injusto! Por isso me blindo, não quero ver, ignoro, tenho raiva, o garotinho ainda chupa o dedo! É maldade demais ele levar uma vida assim!
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