Tenho 53 anos, sempre vivi relacionamentos abusivos, seja familiar, profissional ou amoroso, hj reconheço. Sou Enfermeira graduada, vivi muito assédio moral enquanto trabalhei, até que por uma depressão muito grave fui afastada, foi traumático, saí humilhada do meu trabalho.
Seguindo a vida, tratamento, conheci meu atual marido, vivemos 13 anos de um relacionamento abusivo, eu não sabia o que era, me permitia, achava que meu lugar era apaziguar. Descobri o HIV durante esse casamento, junto as sequelas, insuficiência cardíaca e polineuropatia, me culpei e muito, afinal o discurso dele sempre foi de um homem fiel, talvez enquanto Enfermeira não tivesse os devidos cuidados, era o que ele também "acreditava".
Logo depois que nos casamos descobri que ele tinha transtorno bipolar, já tinha passado por internações e por conta disso um temperamento muito instável, difícil de lidar, o sexo já não era bom como no início, e ele começou com ameaças de agressão, entrei com uma medida protetiva mas declinei, logo depois ele se internou numa clínica psiquiátrica e eu cuidei. Perdi carro na enchente de 2019 e quase a vida, fui resgatada mas ia a clínica visitá-lo, trouxe pra casa e as brigas voltaram, sem sexo, era mais acompanhante que esposa, com as brigas vieram as ameaças só que agora de morte, não hesitei, procurei a delegacia e a medida protetiva saiu novamente, dessa vez mais fortalecida mantive, se alguma coisa acontecesse a justiça estava ciente. Vivo um dia de cada vez, tem dias que parece "síndrome de Estocolmo", acredita que sinto falta? Aí me respondo: Do que doía Valeria? Estudo, faço Direito, e o estágio no Juizado me fortaleceu muito, não me arrependo, não prejudiquei ele, ele se prejudicou sozinho, o amanhã? Deus que sabe, estou fazendo a minha parte.
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