dia desses me pego apertada. sufocada nessa insistência em saber de mim e viver a mim, me celebrar.
parece que nada é suficiente o bastante. nada me contenta, o vazio me assola, me assombra, me embarga. me consome.
a incomprensão parece me adorar, ainda que da ignorância tenho passado longe.
quem me dera essa fosse minha melhor companhia.
por que razão a gente se agarra nesses maldizeres? fico por aí me maldizendo, me detratando.
o alcool não me consola, mas nessas horas é muito bem vindo.
caminho em noites escuras por vielas que me levam a estacionamentos densos e lacunosos. o licor arroxeado que colore o canto de meus lábios não são capazes de conter as lágrimas que escorrem livremente por minhas bochechas.
como se competissem entre si.
nenhum deus pode me salvar agora, nem eu mesma.
algo morreu em mim, sabe. sofro por alguma parte da minha vida perdida, que talvez tenha deixado de existir.
esse tipo de sofrimento é intenso e sagaz.
não é facil de se encontrar, embora muitos o possam conceber.
pode ser que nisso eu seja especialista.
fomentar tortura, não alheia, mas a minha própria.
lhufas disso aqui servisão de alguma coisa à alguém, nem a mim mesma. ainda assim escrevo, conquanto tenho em mente, minha cara clarice, “não muda nada. escrevo sem esperança de que alguma coisa que eu escreva possa mudar o que quer que seja. não muda nada”.
Um grupo de apoio emocional e saúde mental. Desabafos anônimos, troca de experiências e apoio psicológico.