Por que sou tão ansioso?
Dor no peito, coração acelerado, pensamento que não para, dificuldade para dormir, não consegue se concentrar, irritabilidade, vontade sair correndo ou de não fazer nada, aquela sensação de que nada deu ou vai dar certo, a lista vai longe. Isso acontece com você? Se a resposta é sim, parabéns! Não tem nada de errado com você. “Mas como assim não tem nada de errado comigo? Eu só queria parar de me sentir assim”. Faz bem explicar que a ansiedade, assim como todas as emoções são naturais, ou seja, nascemos com ela, elas se desenvolvem ao longo de nossa história de vida, e a partir da cultura, mas nunca nos abandonam, porque tem sua base biológica.
Algo da ansiedade que ninguém leva muito em conta: ela te ajuda a se preparar para alguma coisa. Sim, a ansiedade pode te ajudar, seja uma prova, uma entrevista ou uma apresentação, sem um mínimo de ansiedade você não daria a mínima para aquilo, não faria o necessário para se preparar e as coisas teriam menores chances de dar certo. Portanto, você é ansioso porque você é um ser humano. E muitas das vezes aposto que você se recriminou ou brigou consigo mesmo por sentir ansiedade, ainda mais agora em tempos obscuros. Só que isso é um tiro pela culatra, faz com que essa emoção humana aumente ainda mais, entre em um ciclo vicioso onde você se vê preso dentro e não consegue se libertar.
Nunca se perguntou o porquê todo mundo tem ansiedade? O problema é sim quando ela assume nossa vida e alça voos maiores que aguentamos, atrapalhando toda a nossa rotina. Então você pode fugir dela o quanto quiser, lutar contra ela o máximo que conseguir, mas ela não vai sumir, ela é igual aquele parente chato que você é obrigado a ver e conviver, você tem a opção de ficar reclamando dele e perder a festa ou aproveitar a festa mesmo com ele ali. Dê as mãos para sua ansiedade, ela faz parte de você, use ela ao seu benefício, legal e diferente esse ponto de vista, né?
Isso não significa a necessidade de buscar tratamento psiquiátrico e psicológico quando você não consegue lidar com a ansiedade, o objetivo deste texto é desmitificar a noção de que essa emoção, que é natural, seja sempre doentia. E como nós durante nossa vida tentamos ao máximo fugir de sentir uma emoção que está presente, faz sentido fugir de sentir alegria? Faz sentido evitar sentir amor? Mas é isso que fazemos com nossas emoções que não são culturalmente positivas, e quanto mais fugimos daquilo que nos pertence, mais aquilo nos cutuca exigindo pertencimento.
Psicólogo Vinícius Branquinho
CRP: 06/140030
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