Na dependência química, não é possível dizer que a causa é puramente genética (de pai para filho, por exemplo), apesar dos estudos comprovarem que existe uma maior pré-disposição. Também não é possível dizer que somente experiências adversas na infância resultaram nesse problema. Da mesma forma, não existe um tratamento correto para tratar esse transtorno, visto que é multifatorial e portanto, tem pessoas que se beneficiam dos AA´s ou NA´s, outras de psicoterapia em grupo, outras de psicanálise psicodinâmica, outras somente com religião e ás vezes com 2 formas de tratamento simultâneas, como remédios associados a psicoterapia individual e em grupo. O fato é, que estudos mostram que tanto transtornos por álcool como por substâncias possuem ligação com outros transtornos, como os de personalidade, ou seja, existem dois problemas co-relacionados (comorbidade).
No inicio do século passado, a psicanálise acreditava que a dependência de substâncias estava relacionada á fase oral do desenvolvimento, mas com o passar dos anos novas perspectivas surgiram, mostrando que tem relação com processos defensivos e adaptativos ao ambiente.
Por exemplo, é quase um consenso de que essas pessoas possuem dificuldade em se relacionar com os outros de maneira mais próxima, possuem senso de desamparo e impotência, precisam defender o ego o tempo todo, autocrítica excessiva, entre outros, levando á sentimentos de raiva e tristeza, fazendo com que essas busquem controlar seus afetos através das substâncias. Dependendo do afeto mais doloroso, é escolhida a substância de preferência, por exemplo, cocaína está associada á aliviar a ansiedade e a tristeza, mas acaba aumentando esses sentimentos.
Um estudo recente sugeriu que três forças contribuem para tendências aditivas: 1) dificuldade em tolerar afetos, 2) problemas de constância objetais, levando o adicto a ver uma substância como um substituto objetal interno que é tranquilizante, e 3) uma fissura de base biológica que resulta de alterações no funcionamento do cérebro, como a via tegmental ventral, que é responsável pela procura por água, sexo e comida (Johnson 1999, 2001).
Como existem vários tratamentos e depende de cada indivíduo o que ele irá melhor se adaptar, é importante que a pessoa procure: Um substituto para a substância, como um NA ou outro lugar que crie uma dependência de crença; Tratamento para outros transtornos psiquiátricos, usando medicação; Sistemas de apoio que o ajudem a ficar o mais abstinente possível; Psicoterapia que o ajude a conhecer melhor sua personalidade para atingir uma maturidade emocional que consiga controlar melhor seus impulsos.
As recaídas são normais no tratamento, e é importante que as famílias também busquem grupos de apoio e/ou psicoterapia.
Referências: Gabbard – Psiquiatria Psicodinâmica. 2016