Faz quase um ano que sai da casa dos meus pais, quando sai estava brigada com meu pai, pois falei pra ele: "não gosto de você tanto assim". Essa discussão foi apenas o ápice do meu afastamento em relação a ele.
Desde de criança eu não gosto dele, pois ele costumava beber todos os dias, voltava tarde pra casa e gritava brigando com minha mãe. Eu assistia muito as brigas deles, e sempre achei que ele era o errado da história, pois ele trai minha mãe com frequência. Como pai ele sempre foi distante e ausente emocionalmente. Eu ficava feliz quando ele não voltava pra casa, e se ele voltava, ia pro meu quarto pra tentar não ouvir as brigas, mas como a casa era super pequena era um esforço bem inútil. Meus irmãos e eu apanhávamos quando criança, lembro que numa dessas surras, por eu ter dito um palavrão, sendo que eu tava dizendo que queria que fossemos ao circo, pq eu sabia que ele gostava de ir, eu disse: -Esse circo parece foda! (na intenção dele ficar interessado e levar a família toda), eu fiquei irritada com ele de uma maneira como se eu jamais pudesse direcionar a ele carinho, pq receberia só agressão, ele percebeu e falou, logo depois de me dá uma surra, que me amava.
Na época eu não refletia sobre essas coisas, só engolia esse papo que precisamos amar nossos pais. Mas fui cada vez mais o evitando, pois falar com ele acaba se tornando discussão ou ouvir ele se gabando de algo sobre si mesmo.
Eu deixei de acreditar em deus, e deixei de pedir bença dele, meus pais forçaram esse hábito desde pequena na minha família, eu queria parar com isso, pois, pareceria mais que tava fazendo por obrigação e pq ele achava que aquilo era um ato de respeito com ele. E não pq eu realmente queria. Eu gosto muito de abraçar pra demonstrar carinho, não preciso pedir bença pra isso, sou muito carinhosa com minha mãe e vós, mas não gosto dele, então não sou assim com ele.
Ele percebeu o meu afastamento e perguntou, daí falei que sou ateia, e entramos num ciclo dele querer que eu peça bença dele, e sempre retornando pra essa cobrança. Eu explicando que não faria isso, que se ele quisesse um abraço, eu faria. (não tinha dito que não gostava dele ainda)
Até que a paciência esgotou e falei que não gostava dele. E logo depois sai de casa pra fazer mestrado. Quando voltei nas férias, tentei dá um abraço nele, ele não retribuiu e disse que não tinha filha ateia. Eu aceitei o que ele disse, e bem sou ateia, então voltei a ignorá-lo como já estou acostumada (vivi anos fazendo isso, agora ele só tá sabendo que faço e é de propósito), no natal, ele quis conversar, e quase se desculpou, mas o discurso era que eu tinha que aceitar, pois ele é meu pai. Eu até aceitei a quase desculpa, mas não lembro como, eu comecei a falar que ele nem me conhecia, comecei a falar várias coisas que ele não sabia sobre mim, que nós temos uma relação superficial. Quando fui embora de lá no fim das férias, estávmos bem na cabeça dele, eu acho, mas eu sempre choro quando lembro ou falo de várias coisas que ele fez que me magoaram, e foram por tantos anos, e constantes, e sei que ele não é uma pessoa diferente, mesmo tendo ficado menos pior em alguns aspectos... Não sei se eu deveria tentar conversar e falar pra ele como me sinto, não sei se isso vai mudar algo (tenho quase certeza que não, não sinto que valha a pena o esforço), mas eu me sinto bem melhor sem ter ele por perto.
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