Pai e mãe

Eu pelo menos, posso dizer a mim mesma que tentei dentro do meu limite e dentro do meu alcance.
Embora eu, tenha falhado em tudo o que propus a mim.

Mas falhas não foi o que realmente me deixou deprimida.

Você já esteve vivendo em um ambiente cheio de narcisistas perversos que estão querendo esmagar você? Que te derrubam o tempo inteiro? Você já esteve lutando contra um mundo que parecia querer desabar sobre você? Você já esteve lutando sozinho contra tudo e todos, inclusive aquelas pessoas que diziam te amar e deveriam te proteger, como os seus próprios pais? Você já viu o seu pai sabotando a sua felicidade e fazendo de tudo para te machucar porque ele é competitivo com você, ele tem medo de que você “seja melhor do que ele” ou “tenha uma vida melhor do que ele” e te prejudica, te sabota em tudo, de todas as formas, para você não alcançar o seu potencial e não se realizar em nada e nem ter sucesso na sua vida por causa dessa insegurança sem sentido, doente e mesquinha que ele tem? Você cresceu com uma mãe que tirava toda a sua autonomia, liberdade, fazia tudo para você, dizia o tempo todo que você não era capaz, nunca ia conseguir sozinho, te enchia de crenças limitante desde que você nasceu, dizia que o mundo era perigoso, não queria que você tivesse amigos, nem relacionamentos amorosos, por que tinha medo de você se tornar independente ou que você se afastasse dela algum dia? Por que ela queria que você vivesse apenas para ela e existisse apenas para servi-la? Então qualquer tentativa de independência, era uma ameaça para ela. Se você tivesse uma autoestima boa ou autoconfiança, ela ia quebrar isso para ver você dependente e necessitada dela. Ela ia colocar na sua cabeça que você não consegue nada sem ela e que você precisa dela para respirar porque sem ela você não é nada. Você sabe como é ser exposto desde que você se lembra como gente estar exposto a chantagens emocionais injustas e manipulações cruéis e dolorosas? Sabe como é ter seu direito básico tirado de você? Como não poder escolher suas roupas ou ser forçado a ser e se comportar de um jeito que você não quer? Você sabe como é ser criado para se sacrificar pelos outros por que sua mãe te obrigava a ser gentil com as pessoas o tempo inteiro e colocá-las acima de si mesmo? Sabe como é insuportável ter uma presença tóxica de um pai e uma mãe fdp tão marcado em toda a sua vida? Sabe como é estar assistindo como uma plateia assistindo a uma peça de teatro vendo o relacionamento conturbado dos meus pais desde que eu nasci? Eu tinha 7 anos, meu pai voltava bêbado para casa, eles brigavam, minha mãe começava a quebrar as coisas de casa, ela começava a rasgar as roupas dela e ele começava a bater nela, ela pegava uma faca para se defender e… Bom, alguns dias depois estavam eles vivendo aquele relacionamento miserável de sempre. Meu pai era um alcoólatra usuário de drogas que gostava de bater na sua esposa e infernizar s própria família porque essa era a forma dele de chamar a atenção e lembrar a todos que ele existia e estava ali. Todas as inseguranças que ele tinha, projetadas em seu relacionamento, com acusações sem sentido de traição, ciúmes doentio porque ele não gostava dele mesmo, e como um covarde nojento, ele usava sua violência física e sua vantagem de ser mais forte para agredir uma pessoa que estava ali com ele. A minha mãe viveu um relacionamento extremamente abusivo com o meu pai por pelo menos uns 19/20 anos, com muitas idas e voltas. A minha mãe era uma mulher com uma autoestima muito baixa e que tinha medo de ficar sozinha, tinha dependência emocional e por isso ela aceitava ser espancada, humilhada, traída, trocada e abandonada, porque para isso era o mais próximo do que ela experimentou como
amor. Ela se relacionava com homens que batiam nela, que a traía, que me molestava, que abusava de mim sexualmente porque ela não queria ficar sozinha e porque ela acreditava que isso era amor… E eu tive que passar por tudo isso simplesmente porque a minha mãe tinha medo de ficar sozinha e porque ela era dependente emocional e afetivo de outras pessoas. Eu tive que passar por tudo isso porque o meu pai era inseguro e dependente químico. Todo essa inferno. Toda essa dor que nunca tem cura, que nunca cicatriza e que provavelmente, nunca vai me permitir ser feliz. São memórias azedas e angustiantes com um gosto de terror e injúria que nunca me deixarão. Porque quando a minha mãe tinha sido maltratada por mais um dos lixo que ela chamava de namorado, ela vinha no meu quarto, começava a me xingar, falar que a culpa era minha e me agredir. Porque quando eu contei a ela que o meu pai havia me molestado, ela simplesmente disse que ela amava muito ele e não podia fazer nada em relação a isso. Porque eu sou apenas o fruto de um relacionamento doentio. Estive ali como uma telespectadora daquela relação dramática e teatral. Mas eu nunca fui uma pessoa de verdade. Eu estava ali apenas como um intermediário entre aquela violência e doença mental. Eu não sou amada pelos meus pais. Eu sou insignificante para eles. Eu não posso ser amada por ninguém porque eu não sei o que é isso. E quando eu olho para mim, eu só vejo uma criança que ia defender a sua mãe quando ela estava apanhando e depois estava sendo expulsa de casa porque o padrasto estava passando a mão em mim e eu estava destruindo “de novo” os seus relacionamentos. Porque eu sou um lixo que foi gerado por dois lixos de seres humanos. E quando eu olho para o meu corpo, eu não passo de um objeto que serviu para servir a doença de alguém que me viu como um alvo para toda a sua violência e toda a sua angústia. Eu não mereço nada, então me bata de novo até eu sangrar e abuse de mim de novo, porque talvez, eu seja apenas um objeto de pais cruéis.