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Uma reflexão sobre o amor…

Em um certo momento de correria no trabalho, fui tomado pela seguinte pergunta: “O que é o amor?”.

Fui intimado a dar uma resposta que fosse objetiva e com isso fui justificado com outras respostas que já haviam surgido, através do pensamento de outros companheiros de trabalho. Eram respostas muito bem características de cada interlocutor. Entre elas estavam respostas como, “Coríntios 13”, “O amor é de cor roxa e faz de quem o usa um trouxa”, “O amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente.”, entre outras.

Respondi: “O amor é razão!”.

Mas ao refletir posteriormente percebi que o amor não necessariamente se baseia somente na racionalidade. Justifiquei meu ponto de vista, não que houvesse necessidade ou indagação. Os que me cercavam ouviram atentamente minhas justificativas, dizendo que o amor se inicia na afetividade mas desencadeia, caso se desenvolva, com uma postura muito mais racional do que sentimental. Houveram concordâncias. Concordâncias e olhares atentos, sedentos de uma justificativa válida e talvez até que coubesse em um lugar de justificativa pessoal momentânea.

Enfim, o que é o amor?

O amor pode ser uma necessidade, um afeto ou uma discordância. Pode ser uma troca, um momento ou uma interlocução entre duas pessoas. Pode ser a candeia que alimenta a alma e quando se torna racional deixa de ser amor. Pode, também começar a ser chamado de amor somente quando essa candeia se apaga. O amor pode ser ódio, pode se converter em raiva e se manifestar como algo que só provoca ferida. Pode ser a resposta para tudo ou simplesmente ser só uma pergunta.

O amor pode nem existir.

Pode ser simplesmente algo que queira se nomear como amor. O amor pode ser poder. Pode ser ter algo que possa dar ao outro, algo que seja meramente objetal, temporal e com prazo de validade.

Pode ser atemporal, e pode jamais se manifestar. O amor pode ser uma justificativa para a falta de sentido da vida, da vaidade e do egoísmo. Pode ser um sentimento criado pra tamponar o eu de cada um debaixo de uma máscara que não consegue se mostrar como ódio, por ser pesada demais para o outro. Pode ser real.

O amor pode ser algo que realmente dê calafrios e mude as cores da visão e não necessariamente morra após 5 horas, 17 dias, 2 anos e meio ou 5 décadas. O amor pode ser algo que sobreviva de forma milenar.

Poder ser um sentimento de outra vida, de outro plano; algo que não dê para viver aqui, agora, nessa realidade, no mundo ou na forma de existência onde estamos encaixados temporariamente, prontos a morrer a qualquer hora.

O amor pode ser morte. Pode surgir com a morte ou somente com morte. Não necessariamente essa morte precisa ser de alguém. Pode ser a morte do encontro. A morte do que era dado pelo outro a partir do momento em que ele não dá mais, a partir do momento em que ele se vai com tudo o que até então achávamos que era amor, entretanto, só após o momento em que se vai, percebemos o que é amor.

Amor pode ser ir embora, pode ser deixar o outro. Pode ser dar liberdade para que o outro ame. Pode ser a distância, o amor pode ser aquilo que só é sentido à distância, e se isso vier aproximar de alguma forma, destrói tudo que até então, acreditávamos como algo que pudesse ser chamado de amor.

O amor pode ser o vazio. Pode ser se esvaziar para que o outro lhe caiba, ou para que o outro perceba que em você ele realmente não cabe, mesmo que você se esvazie o máximo possível e retire até o espaço que o próprio amor ocupa, para que o outro perceba que realmente ali não há como existir amor.

O amor pode ser um buraco. Pode ser um preenchimento. Pode ser um poço ou uma alavanca. Pode ser a escada de subida ou de descida. A saída de emergência ou a porta de entrada para um acidente, um incêndio ou uma catástrofe. O amor pode ser o que cada um dê conta de dar, doar ou deixar manifestar.

O amor poder ser o erro, o acerto, a sorte, a paz, a luz no fim do túnel. A porta de entrada ou a simpatia para uma saída bem-sucedida.

O amor pode ser simplesmente uma palavra. Ou uma cor, ou uma música, ou um desejo.
Pode ter vida própria e estar caminhando entre nós durante séculos e no decorrer da história da humanidade. Pode ser um Ser que caminha e nos toca compartilhando a sensação que melhor couber em quem é tocado. O amor pode ser uma manifestação. Uma revolução, ou uma revolta. O amor pode ser um trauma ou uma cura.

Pode ser uma letra, um ponto. Uma ponta de algo, ou simplesmente o ponto. O amor pode ser um pensamento, uma coisa criada, ilusória, ou tão real que não possamos dar conta de sua existência, devido ao fato de sermos tão limitados em enxergar a coisa real e vivermos de tantos sonhos.

O amor pode ser uma pedra, um caminho, uma volta, uma volta no discurso, na fala, ou uma entonação da voz. Pode ser um incômodo, uma certeza, um questionamento ou simplesmente uma pergunta, dessas do tipo: “O que é o amor?”.

Márcio Junio Fagundes do Vale
Psicólogo
CRP 04/35.602
@marcio.jfvale.psi
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Psicólogo Graduado pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - UNILESTE/MG. Especialista em Teoria Psicanalítica pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. Especialista em Urgência e Trauma pelo Ministério da Saúde via Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte através da Residência Multiprofissional vinculada ao Hospital Municipal Odilon Behrens. Atuou como Servidor Público estando como Referência Técnica na Gerência e Gestão do Trabalho do Distrito Sanitário da Regional Pampulha – Belo Horizonte/MG (GERGETR - Pampulha) e na assistência em saúde no CAPS III Regional Noroeste – Belo Horizonte/MG (Centro de Referência em Saúde Mental do Distrito Noroeste - CERSAM Regional Noroeste / Belo Horizonte/MG). Colaborador no site Sunas. Psicólogo Clínico na Clínica de Especialidades Médicas AME. Atua como Psicólogo Clínico em Consultório particular – Presencial e Online. CRP 04/35602.

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